A vida fraterna é parte integrante da espiritualidade do carisma Filhos da Cruz. Não é possível viver o carisma sem viver a fraternidade. Para atingir o seu sentido mais profundo o Filho da Cruz precisa compreendê-la como dom de Deus, como uma manifestação poderosa de sua graça nos membros da comunidade, como uma ação transformadora.
Para o Filho da Cruz a vida fraterna é o lugar da ação transformadora de Deus.
É uma obra que não pode ser vista como acabada, mas compreendida como uma edificação que depende de um caminho de construção interior. O conhecido caminho de conversão.
Ela exige uma vivência realista, livre das ilusões românticas. Não se pode imaginá-la como se fosse um morar no céu, rodeado de anjos e adorando a Deus o tempo todo, pois a decepção pode ocorrer a qualquer instante. É de suma importância amadurecer as emoções e os sentimentos; as feridas necessitam de cura; os ranços precisam ser vencidos.
A vida fraterna tem como seu ser central a Trindade, porque o nosso Deus é um só em três pessoas e cada um se doando ao outro, numa relação de amor. Portanto não é possível vivê-la como se fosse uma aventura solitária ou de maneira seletiva. É preciso ver cada irmão como familiar de sangue e no sangue de Cristo. Ela é o sinal por excelência deixado pelo Senhor:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
Sinal que é prontamente vivido no surgimento das primeiras comunidades cristãs, como está narrado nos Atos dos Apóstolos. Lá se observa que a fraternidade era a expressão máxima de sua vida: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At. 4,32).
A fraternidade é o fermento que leveda a massa do carisma, ela é uma benção como vai dizer o salmista: “Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos. É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto. É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna” (Sl 132(133), 1-3).
Enquanto a comunidade cultivar em seu seio a vida fraterna, terá presente, de forma contínua e visível esse sinal. Quanto mais intenso for o amor fraterno mais a massa do carisma crescerá.
Diácono Mário Caterina
Consagrado Aliança